O modelo econômico linear, baseado no insustentável ciclo de “extrair, produzir, consumir, usar e descartar”, não nos serve. Essa lógica está nos levando a um precipício.
Ao longo da história, a busca pelo lucro infinito a partir de fontes finitas gerou um custo humano e ambiental muito alto. Estamos sentindo na pele as crises socioambientais, mudanças climáticas, degradação ambiental, perda de biodiversidade, desigualdade social, instabilidade econômica, entre outros impasses.
Diante desses grandes retrocessos, a economia circular surge como alternativa sustentável para a superação do modelo linear.
O conceito propõe uma nova maneira de lidar com os recursos naturais, priorizando processos voltados para reutilização, reciclagem e redução da quantidade de resíduos que produzimos diariamente.
Na economia circular, maximizar o uso dos recursos que já foram extraídos da natureza, reintegrando-os continuamente ao ciclo produtivo, é a principal diretriz. Dessa maneira, o modelo circular propõe a redução da geração de resíduos, fomentando a regeneração dos ambientes e serviços ecossistêmicos.
As práticas que norteiam o bom andamento da circularidade se resumem em: recusar, repensar, reduzir, reutilizar, reparar, reciclar e regenerar.
A adoção da economia circular é uma necessidade real do nosso tempo. Não há crescimento infinito em um planeta finito!
Nosso futuro depende de processos que visam gerar impactos positivos reais, regenerando ambientes e serviços ecossistêmicos, o que afeta positivamente também sociedades e negócios.
O modelo linear está aí há anos, gerando impactos insustentáveis. O ciclo de materiais segue a lógica de extrair, produzir, consumir e descartar. O caminho termina nos aterros, lixões e ambiente.
Na Economia Circular, tudo é produzido para ser durável, reciclável, reparável e reaproveitável. O ciclo deve ser contínuo e sustentável. A ideia é não gerar resíduos.
A cada ano, são extraídas dos ambientes toneladas e mais toneladas de recursos naturais. Desde 1970, a extração desses recursos naturais triplicou nos últimos 50 anos, saltando de 30 para 106 bilhões de toneladas, um aumento de 23 para 39 quilos de diferentes materiais utilizados, em média, por pessoa a cada dia.
Esses dados assustadores, compilados no Panorama Global de Recursos das Nações Unidas de 2024, revelam uma crescente crise de um modelo que não nos serve mais.
Pagamos caro pela ilusão da produção e do consumo infinitos. Agora, um dos principais desafios é que muitos dos recursos extraídos são finitos e já mostram sinais de esgotamento.
À olhos nus, observamos o alumínio e ferro sendo extraído em grandes quantidades e em ritmo acelerado. Também temos o lítio, tão essencial para as baterias de celulares e veículos, enfrenta alta demanda e limitações de reservas.
E o que dizer do pertróleo? Cada vez mais difícil de extrair, com as reservas convencionais se esgotando e forçando a exploração de fontes mais complexas, como no Ártico e na região amazônica.
Dados alarmantes da ONU revelam que a extração e processamento de recursos naturais respondem por mais de 60% das emissões globais de gases de efeito estufa – os principais responsáveis pelo aquecimento global – e por 40% da poluição atmosférica que afeta diretamente a saúde da população mundial.
A desigualdade no consumo de recursos revela um profundo desequilíbrio global: enquanto países em desenvolvimento consomem seis vezes menos materiais e geram dez vezes menos impactos climáticos que nações ricas, estas últimas mais do que dobraram seu uso de recursos nos últimos 50 anos.
Esse crescimento insustentável, alimentado pela expansão de infraestruturas e pela terceirização de processos poluentes para países pobres, não apenas aprofunda o abismo entre hemisférios Norte e Sul como sabota qualquer possibilidade de futuro
Nesse cenário de demandas crescentes e exploração predatória, a insustentabilidade do modelo linear salta aos olhos, com consequências devastadoras em escala planetária.
A economia circular emerge como imperativo para repensarmos radicalmente nossa relação com os recursos. A transição para modelos socioeconômicos regenerativos já deixou de ser necessária: tornou-se questão de sobrevivência coletiva.
As principais diretrizes deste modelo são:
Assim, a economia circular visa manter os recursos em circulação pelo maior tempo possível, reduzindo o desperdício e a necessidade de novas matérias-primas.
Quando analisamos a economia circular e consideramos um processo de transição, a cooperação é um fator central. Por isso, é necessário ampliar o debate abrangente e multissetorial entre o público, governos, empresas e especialistas.
Todos esses agentes devem assumir a responsabilidade de promover as mudanças necessárias.
Diante disso, o INEC se prontifica em ser uma frente de ação pela economia circular, fomentando ideias, incentivando debates e apresentando estudos, dados e, principalmente, soluções.
A educação é o alicerce da transição econômica que precisamos.
É o fator chave para explicar os princípios da economia circular, preparando gerações para a reinvenção dos sistemas produtivos.
Cada comunidade pode ser um ponto de partida, unindo soluções locais a impactos globais. Circularidade se faz com conhecimento aplicado, onde quer que estejamos.
Ninguém faz nada sozinho. O futuro é circular!